domingo, 13 de dezembro de 2009

Jovem paulistano troca frutas por chocolate e biscoito

Pesquisa Datafolha mostra que novas gerações comem mal; para professor da Unifesp, propaganda influencia hábito

Consumo de alimentos prontos dificulta controle de sal, açúcar e gordura e pode provocar colesterol alto, obesidade e hipertensão

MARCOS GRINSPUM FERRAZ
SAMIA MAZZUCCO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pesquisa Datafolha aponta que jovens entre 16 e 25 anos têm os piores hábitos alimentares da população paulistana. Entre os motivos apontados por estudiosos estão a maior exposição dessa faixa etária à publicidade e a valorização de um estilo de vida que gasta pouco tempo com alimentação.
São os jovens os que mais consomem enlatados, salgadinhos, chocolates e outros produtos industrializados não recomendados por especialistas (veja quadro acima). São eles, também, os que menos comem alimentos saudáveis.
Segundo o professor de nutrologia da Unifesp José Augusto Taddei, esses alimentos estão substituindo hábitos mais saudáveis típicos do brasileiro, como o uso de frutas, verduras, legumes e grãos.
O consumo desses e de outros alimentos recomendados, como peixe e leite, é mais frequente entre a população com 56 anos ou mais. "Eles formaram seus hábitos lá atrás, com menos influência da publicidade", diz Taddei.
O nutricionista da USP Daniel Bandoni também vê uma tendência de supervalorizar produtos processados e industrializados. Para Bandoni, existe uma migração de jovens e adultos para um estilo de vida mais passivo, que valoriza mais a praticidade do que a saúde. "Não se perde tempo para cozinhar, mas se perde pra ver TV."
Ele aponta possíveis desvantagens no consumo do alimento comprado pronto: "A pessoa perde a chance de, por exemplo, fazer uma comida que tenha menos sal e gordura."
Para Bandoni, os novos hábitos aumentam as chances de desenvolvimento de colesterol alto e doenças crônicas, como obesidade e hipertensão.

Arroz, feijão e peixe
Já o consumo diário de arroz e feijão pela maioria dos paulistanos foi visto como um dos resultados positivos da pesquisa. "É um consumo democrático", diz Taddei. Ele ainda ressalta que a combinação é saudável e típica da cultura do brasileiro.
O peixe, por outro lado, foi apontado pela pesquisa como um dos alimentos menos democráticos. "Quanto menor a renda, menor o consumo. É um alimento que discrimina", diz.
A pesquisa mostra que só 3% da população da cidade come peixe todos os dias, contrariando recomendações de nutricionistas e médicos.
Segundo Bandoni, o dado é preocupante se comparado ao do consumo de linguiça, salsicha e salame. Sete por cento da população come algum desses alimentos diariamente, com número maior entre as classes baixas. "Deveriam ser para consumo eventual", diz


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1312200908.htm

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