sexta-feira, 31 de julho de 2009

FADO TROPICAL ( CHICO BUARQUE E RUY GERRA)

Oh, musa do meu fado, oh minha mãe gentil
Te deixo consternado no primeiro abril
Mas não sê tão ingrata não esquece quem te amou
E em tua densa mata se perdeu e se encontrou

Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nóes herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo
(além da sífilis, é claro)
Mesmo quando minhas mãos estão ocupadas em torturar, esmagar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."

Com avencas na caatinga alecrins no canavial
Licores na moringa um vinho tropical
E a linda mulata com rendas do Alentejo
De quem numa bravata Arrebato um beijo

Ai, essa terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo contesto
Se trago as mãos distantes do peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadura à proa
Mas o meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa"

Guitarras e sanfonas,jasmis, coqueiro, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas que corre trás-os-montes
E numa pororoca deságua no Tejo

Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial.

RACHEL DE QUEIROZ

Nasceu em Fortaleza (CE), em 17 de novembro de 1910, no antigo 86 da rua Senador Pompeu, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 4 de novembro de 2003. Filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz.

PRINCIPAIS OBRAS
O quinze, romance (1930)
João Miguel, romance (1932)
Caminho de pedras, romance (1937)
As três Marias, romance (1939)
A donzela e a moura torta, crônicas (1948)
O galo de ouro, romance (folhetins na revista O Cruzeiro, 1950)
Lampião, teatro (1953)
A beata Maria do Egito, teatro (1958)
Cem crônicas escolhidas (1958)
O brasileiro perplexo, crônicas (1964)
O caçador de tatu, crônicas (1967)
O menino mágico, infanto-juvenil (1969)
As menininhas e outras crônicas (1976)
O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)
Cafute e Pena-de-Prata(1986)
Memorial de Maria Moura (1992)
Teatro, teatro (1995)
Nosso Ceará, relato, (1997)
Tantos Anos (1998)
Não me deixes(2000)

FERNANDO PESSOA

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Comunidade Células-tronco

***CELULAS TRONCO***



Eis que a ciência chega ao ponto onde encontra a solução de cura para inúmeras doenças até então sem esperança.
Milhares de pessoas morriam anualmente e com esse avanço podemos afirmar, “sim, há uma luz no final do túnel!”.

Tudo poderia ser perfeito, principalmente para essas pessoas que sofrem desesperadamente, agonizam presas em suas dores...

E justamente quem é contra???? "A IGREJA"... Sim meus caros amigos, novamente ela vem atrasar não somente a ciência como a vida de pessoas que

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Lua Luar! (Walder Maia do Carmo)

Noite de estrelas
Noite de luar
Vem essa madrugada alumiar
que é pra eu poder me inspirar
Pois sou um menestrel
que ainda sabe cantar
Paz, liberdade, igualdade
preciso irradiar
pra essa pena, essa enxada
cansadas de labutar
Minha musa anda contente
com vontade de rimar
flores, amores, mente e gente
pra esse quadro enfeitar
Eu só não queria
Oh! luar luar!
que minha voz se calasse
minha viola parasse
vendo essa terra chorar...

terça-feira, 28 de julho de 2009

Fascínio da Escrita - Walder Maia do Carmo

Assim como Sócrates as palavras
tentam filosofar o que sentimos
Ao atingirmos a essência delas
encontramos o amargo da existência
por não correspondê-las
Começo este Blog por pensar que
Sócrates, universalmente, continua
nas palavras no fascínio da escrita.

Augusto de Campos

"recriar é a meta
de um tipo especial
de tradução:
a tradução-arte
mas para chegar à
re-criação
é preciso identificar-se
profundamente
com o texto original
e ao mesmo tempo
não barateá-lo
enfrentar todas as suas
dificuldades
tentar reconstituir
a criação
a partir de cada palavra
som por som
tom por tom

é uma questão de forma
mas também
é uma questão de alma"

domingo, 26 de julho de 2009

ÁLVARO DE CAMPOS - FRAGMENTO EM "PASSAGEM DAS HORAS"

(...) Vi todas as coisas, maravilhei-me de tudo,
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco - não sei qual -
e eu sofri.

vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos,
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse,
Amei e odiei como toda a gente,
Mas para toda a gente isso foi normal e institivo.
E para mim foi sempre a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.(...)"


Álvaro de Campos
em Passagem das Horas

MANHÃ DE SOL - WALDER MAIA DO CARMO

Manhã de sol.
O sol brincando por entre nuvens
promete aquecer a terra.
Um curió com teu canto,
canta para natureza soberana.
O homem caminha lento,
desprezando este cenário...
predador de sua existência.
Lôbrego desprezar,
onde musa embaraçada
não permite ao poeta epopeia.

MULHER PAIXÃO - WALDER MAIA DO CARMO

Mirian nos teus ósculos me perco.
Desejo teu corpo nu de desejo...
Suas volúpias: libido
sem compostura, desvario.
Delírio que nos faz UM,
orgasmo deleite.
Mulher devassa dentro de mim.
Mirian paixão,razão,comunhão...
tudo que a rima permite.

IN NATURA - WALDER MAIA DO CARMO

Você não percebeu como a natureza estava contente
Ela que constitui a essência das coisas, estava feliz.
Feliz que até despertou o astro rei,preguiçoso e quente
derramando luz de vida em nosso fado.
Até perfumou de primavera aquele famigerado instante.
Você não percebeu o vento que soprava no verde de clorofila
propagando a suave simetria dos cantos dos pássaros
que cantavam para nós.
Você não percebeu a importância da pequenina abelha que,
em acrobáticas manobras buscava no seio da inefável flor o
néctar da vida.
Negro desprezar de todo esse arranjo da mãe natureza em
dádiva
sacrificando no poeta a musa inda lactente.

A CONQUISTA - WALDER MAIA DO CARMO

Manhã, o sol rasgando o bloqueio de nuvens
promete um dia de muito calor.
O aparato de orvalho nas folhas,resto de uma noite fria,
vai se intimidando aos raios do sol quente.
Um curió, em movimentos frenéticos,canta para mãe natureza
um canto alegre, parecendo querer agradece-la por esse
enriquecido cenário.
Zeca ,caminhando por entre a relva, com seu cão,alegres,indo
para o trabalho, não deixava de pensar naquela hipótese que
o ajudaria a viver em igualdade.Ele buscava as causas das coisas
tentando compreender por que tantas terras nas mãos de tão
poucos?muita terra onde a vista não conseguia alcançar.E o
pior improdutivas.
Zeca ,inquieto, buscava um jeito de resolver aquela situação dos
pequenos agricultores como ele.Trabalho precário, sem crédito
para o plantio...
Só via uma solução que era se preparar melhor.Então Zeca começou
a estudar e com muito esforço conseguiu concluir um curso de
técnico agrícola.Então num processo de conscientização conseguiu
a união deles e fundaram uma cooperativa a Cooperativa para Todos.
Zeca é brasileiro.

BRILHO DE AMAR - WALDER MAIA DO CARMO

No brilho do teus olhos
Vejo o brilho romântico do luar
Que reflete nos meus olhos
a esperança de poder te amar.

Quando com você estou
Sinto a chama desse brilho acender
nessa vibração calor
Essa vontade de querer viver

Por isso musa querida
verdadeira seja essa estrada
por onde caminha essa afinidade
de mãos dadas

Que o horizonte seja sem cerca,maior,
com agente saindo assim,
louco nessa vontade de amar...

CRIADOR E CRIATURA - WALDER MAIA DO CARMO

Quando ti criei, existia amor.
Foi criado semelhante a mim,
Ti dei instintos para sobreviver
Ti dei sapiência,
mas desde que começou a pensar
já era insatisfeito...
Foi refém dos pecados capitais
ai ,então, a semelhança se desfez.
Eu te perdi.

Novas Vozes - Walder Maia do Carmo

Uma explosão
expirando aquela influência
de Jesuitas de Pombal...
na educação que herdamos da
colonização
Resíduo que, ainda, permanece
na insistência de oligarquias.
Ecoa novas vozes trazendo
a educação praticada
na realidade
Novas vozes.

Paulo Autran :: Poema em Linha Recta :: Álvaro de Campos

Desencanto - Manuel Bandeira

Traduzir - se - Ferreira Gullar

Andar de novo - Walder Maia do Carmo

Andar de novo
é tudo
é técnico
na fisiologia estética
é mágico
Poder retomar
a caminhada por esta estrada
onde a felicidade ficou
Andar de novo
é descobrir na noite
o prazer inacreditável
do gozar das musas
Andar de novo
é correr, sem os limites
físicos, da alma...
é saber que é possível.
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